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Palavras de Padre Eustáquio – A presença de Deus

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Deus vê além das nossas aparências, além do que tentamos mostrar para nosso próximo. Ele conhece nosso coração e todas as nossas intenções. Só Ele nos vê em nossa totalidade.

Padre Eustáquio fala, em um de seus textos, sobre a presença de Deus no meio de nós e a visão Dele sobre nossas vidas. Leia trechos do texto abaixo:

“No meio de vós esteve Quem vós não conheceis” (João 1 – 26)

Se eu vos perguntasse, meus irmãos, qual dentre os animais, o que tem a vista mais penetrante responder-me-eis que é a águia, que pode fitar o próprio sol, e depois, o lynce, que dos mais altos montes descobre os mais fundos vales e precipícios.

São bons olhos, concordo, mas conheço outros melhores. Diz-se que entre os homens, o olhar de César Augusto, fulgurava e metia medo e o de Tibério era tão penetrante, que podia ler e até escrever de noite, às escuras.

Eram bons, mas, há os ainda melhores. Os historiadores referem que certo “Strabão” via distintamente a distância de cinco quilômetros. Admira-vos isto? Talvez. Mas, ainda há coisa melhor.

Achando-se em Milão Santo Ambrósio, pôde ver o que se passava em outra cidade bem distante, apesar dos Alpes, com efeito, ele anunciou a morte de São Martinho no dia mesmo e a mesma hora, em que exalava o seu último suspiro.

Quereis coisas mais admiráveis, ainda? Santo Antônio de Pádua, São Felipe de Neri, Santa Catarina de Sena e muitos outros viam no mais recôndito dos corações e havemos de convir que eram bons olhos os seus, mas, há os ainda mais penetrantes.

Conheço, uns, para os quais nada é obstáculo, pois tudo veem apesar das mais densas trevas e das maiores distâncias e a que não é possível evitar, nem fugir. E que olhos são esses? Narra a Sagrada Escritura: “os olhos do Senhor são mais luminosos do que o sol, em torno, veem todos os caminhos dos homens e penetram o profundo abismo”.

Permiti-me, meus irmãos, pela igreja consagrada de um modo especial para se meditar as virtudes e belas qualidades de Maria, eu vos lembre a presença de Deus, cuja constante lembrança presidiu a tudo quanto Nossa Senhora fez, para que lucremos enriquecendo-nos dessa grande virtude, pensarmos sempre na presença de Deus. Assim, nossa Senhora nos ajude.

Pode-se com desculpas, com evasivas, com destreza, lançar em véu sobre o olhar dos homens. Foi assim que Rebecca pôde enganar Isaac, por meio de umas peles de cabrito, foi assim que Labão pôde enganar Jacob, dando-lhe Lia em lugar de Raquel, e assim foi que Joab pôde enganar Amasar, com mostras de fingida amizade.

Não se engane, assim, a Deus. Por mais que o homem dissimule, se encubra, se esconda, os seus olhos penetram tudo, e não há para Ele trevas, porque, diz a Sagrada Escritura, “o homem vê as coisas que aparecem, mas, Deus vê o próprio coração”.

Há coisas que não se podem tirar de Deus, e uma delas é a vista que tudo penetra. Ainda que o pecador procure escapar-lhe, escondendo-se nas cavernas dos montes, no fundo das mais sombrias florestas, ou nos antros das feras, ainda que chame em seu auxílio trevas mais espessas que as da terra do Egito, a vista de Deus o seguirá toda parte, contará todos os seus passos. “Se subo ao Céu, diz o salmista, lá vos achais, se desço aos abismos, lá estais presente, se tomo as asas e vou habitar nas extremidades do mar, ainda lá me guiará a vossa mão”.

Agora, meu irmão, se vos perguntar se credes nesta verdade, me responderei que a credes, e felicito-vos por isso, porque se a credes firmemente, se pensardes sempre nessa divina presença, jamais caireis em pecado. É Santo Agostinho que vos afirma “Precisamos viver segundo a justiça e a equidade, porque tudo o que fazemos, é na presença do juiz, que tudo vê”.

** retirado do livro de arquivo dos Boletins da Paróquia dos Sagrados Corações (em Belo Horizonte/MG) – edição 1946/1947.

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