Quando chegou ao Brasil, em 1925, Padre Eustáquio passou a viver em Água Suja, hoje cidade de Romaria, na região do Triângulo Mineiro. No local ele exerceu um grande trabalho missionário, construindo o Santuário de Nossa Senhora da Abadia.
Em um depoimento ao Tribunal da Causa de Beatificação e Canonização do Padre Eustáquio, datado de agosto de 1964, a paroquiana Nair Fernandes de Oliveira afirma:
“Foi o Padre Eustáquio que começou a construção da nova matriz, utilizando para isso as rendas obtidas nas romarias e, convocando a generosidade da população, fazia que se obtivesse de graça as pedras, quem trabalhasse na sua extração, o transporte em carros de boi, atendendo os fazendeiros a alimentação para os homens que trabalhavam. Esse trabalho, chamado mutirão, durava três dias, e era oferecido em homenagem de Nossa Senhora; tudo isso de iniciativa do Padre Eustáquio. Levou adiante esse empreendimento ao ponto que quando deixou Água Suja a nova igreja já estava em parte coberta.”
Padre Eustáquio mudou a comunidade e se tornou muito querido principalmente pelo trabalho que desenvolvia com os pobres e enfermos. Em um depoimento datado de maio de 1965 ao Tribunal da Causa de Padre Eustáquio, Diva Fernandes Hackbarth, uma outra paroquiana destacou:
“Minha mãe costumava recorrer ao Padre para qualquer enfermidade que acontecesse em nossa casa, já que no lugar não havia recurso médico. Pe. Eustáquio demonstrava ter conhecimento para atender àqueles casos, e efetivamente muitas vezes ele foi chamado para os casos de doença em nossa casa. Certa vez fui mordida por um cão e o Padre Eustáquio veio para fazer os curativos da mordida; como eu ficara febril, ele veio para aquele curativo dando-me a benção naquela ocasião. O fato é que aquela enfermidade passou… Já nessa época se atribuíam ao Padre Eustáquio graças e curas de doenças.”
“Quando havia um doente nós o avisávamos e ele fazia uma visita levando inclusive curativos, remédios, e perguntando na ocasião se queria receber a comunhão no dia seguinte, o que ele entendia, dando também uma benção para os doentes. Nós o acompanhávamos quando a visita era a uma senhora ou a uma moça. Não tinha medo de qualquer doença e nunca deixou de atender a quem estivesse enfermo a qualquer hora do dia e da noite. Na verdade, tinha uma preferência pelos pobres e enfermos.” Contou Nair Fernandes de Oliveira ao Tribunal.
”O que mais impressionava era a dedicação dele em atender os doentes sem facilidades para isso, indo por vezes, a pé a longas distâncias. A mim essa caridade dele me impressionou ainda quando eu era criança. Fato digno de menção foi a cura de um irmão de nome Oswaldo já falecido. O Padre Eustáquio o visitava, dava-lhe a benção e aplicava-lhe um medicamento. Tratava-se de feridas na pele que cinco médicos não conseguiam curar e com a ação do Padre Eustáquio foi curado.” Afirmou a fiel Anita Fernandes Guimarães, em maio de 1965 ao Tribunal.
O apreço pelo padre holandês era tão grande, que ao ser transferido de Água Suja, os fiéis sitiaram a casa paroquial e arrancaram os mata-burros na tentativa de evitar a partida de Padre Eustáquio. Padre Gil, que acompanhou a trajetória do Beato na cidade, também deu seu testemunho ao Tribunal da Causa de Beatificação e Canonização do Padre Eustáquio em novembro de 1962:
“Padre Eustáquio que atendia aos domingos a igreja paroquial de São Miguel e São Sebastião, voltava e passava a semana em Água Suja, onde fazia catequese infantil e manifestava predileção pelos pobres e pelos doentes aos quais visitava. A esse propósito posso relatar um fato: Padre Eustáquio começou a atender um menino que era coberto de chagas; ele mesmo, ao que me disse, fazia o asseio daquelas feridas levando a criatura e ministrando-lhe remédios; o fato é que o menino veio a curar-se; seu pai que era um desses capangas que matavam a soldo de empreiteiros da morte de desafetos, veio agradecer o Padre Eustáquio a cura de seu filho e lhe oferecer gratuitamente os seus serviços contra qualquer adversário que tivesse o Padre Eustáquio.”
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