O escultor Edu Santos se destacou ao fazer a estátua de bronze do Beato Padre Eustáquio, que fica na parte externa no Memorial ao Bem-aventurado, em Belo Horizonte. A obra trouxe reconhecimento e muito trabalho ao escultor, que se tornou também um devoto de Padre Eustáquio.
A equipe do site Padre Eustáquio conversou com Edu Santos para saber mais detalhes sobre a carreira dele e o processo de criação de suas obras.
1 – Edu, fale um pouco sobre o seu trabalho e sua carreira.
Minha carreira começou muito cedo, aos 5 anos de idade já tinha fotos minhas aqui na empresa de fundição do meu pai. Antigamente vinham muitos artistas da Europa para fundir seus trabalhos aqui e eu tive o privilégio de conhecer alguns deles e almejei ter esse tipo de trabalho um dia. Eu busquei isso através de estudos autodidatas, porque eu nunca fiz um curso de escultura. Aqui eu costumo dizer que é uma das melhores escolas que existe porque os artistas vinham na empresa e trabalhavam sempre com suas obras e suas formas aqui dentro. E eu tive o privilégio de ajudar alguns deles e observar seus trabalhos. Isso contribuiu muito para minha formação. Quando eu tinha 16 anos eu fiz um curso de quatro anos de desenho clássico e isso me ajudou muito no trabalho que faço hoje. Eu foquei nessa parte de retratos onde eu exploro bastante a fisionomia das pessoas e tento imortalizar a história delas, como a história do Padre Eustáquio.
2 – Como chegou até você o pedido da primeira escultura do Beato Padre Eustáquio?
Eu já trabalhava com escultura na Fundarte, Fundição artística, que é uma das maiores fundições da América Latina, segundo dados do Senai. E eu recebi a consulta para fazer o orçamento (em fevereiro de 2009) de uma estátua de três metros de altura. Eu tive o primeiro contato com Padre Lúcio Dumont Prado (vice-postulador da Causa na época) e um tradutor que chamava Cornelius Ban Requa. Eles entraram em contato com a empresa, pediram meu portfólio de trabalho e felizmente eu fui selecionado para fazer essa obra. Primeiramente foi um desafio, porque eu estava acostumado a trabalhar com esculturas afigurativas, mas de tamanho natural e menores. Essa foi a minha primeira grande obra, uma estátua de três metros de altura.
3 – Como foi o processo de criação dessa estátua?
Me enviaram várias fotos do Padre Eustáquio, mas a pedido da comissão, todo processo de criação foi realizado a partir de uma foto específica. Me deram liberdade para criar. O modelo foi feito em argila e em gesso, já que eu não sabia quando seria a data de aprovação de uma comitiva formada por Padre Lucio Dumont Prado, Cornelius, os sobrinhos de Padre Eustáquio Ian e Will van den Boomen e um fundidor da Holanda que conhecia todas as técnicas de fundição da Europa. Após a visita da comitiva, tive a aprovação, com algumas alterações. E em seguida começou o processo de fundição em bronze. A obra foi fundida em quatro partes e depois da fundição teve a parte de acabamento e coloração da patina.
4 – Esta obra te trouxe algum tipo de reconhecimento?
Foi uma das primeiras obras que eu fiz de grande porte que ultrapassava o tamanho natural. Acho que todo artista sonha em ter um trabalho desse porte e eu tive o privilégio de ser escolhido para fazer isso. Ela me trouxe muito reconhecimento e me marcou muito. A celebração da inauguração estava sendo transmitida pela internet para a Holanda. Foi um momento inesquecível na minha vida e na minha carreira. E nesse mesmo ano, eu me tornei membro da academia de arte moderna de Roma. Com certeza esse trabalho me ajudou muito. Foi depois da obra que fui convidado a dar aula em Ouro Preto no curso de Profissionais multiplicadores do ofício de cera perdida, que trabalha desde a criação do modelo até a fundição das obras.
5 – Como você recebeu a notícia de fazer uma escultura que iria para a Europa?
Eu me senti muito feliz e lisonjeado por ser escolhido para mais uma vez fazer uma escultura de Padre Eustáquio. E ao mesmo tempo fiquei preocupado em pensar em mandar uma obra pra Europa, berço da civilização e das artes. Uma escultura minha em uma praça pública. É de se arrepiar. No dia 16 de maio 2020 o Will entrou em contato comigo para fazer um orçamento de estátua do Padre Eustáquio com o tamanho de dois metros e me contou que eles queriam colocar a estátua em uma praça em Aarle Rixtel, na Holanda. Ele disse que teria que passar por uma comitiva do distrito para ser aprovada. Prontamente eu fiz o orçamento e ao mesmo tempo rezei e pedi para Padre Eustáquio me ajudar a ser aprovado. E Padre Eustáquio me concedeu mais essa graça. No dia 10 de julho, Will me retornou dizendo que eu havia sido selecionado. Foi uma estátua que demorou bastante pra ser construída por causa da pandemia. Dia 12 de julho de 2020 comecei o trabalho selecionando algumas fotos junto com Will e no dia 19 iniciei a miniatura. Essa miniatura tem 20 centímetros e foi nela que eu estudei todas as expressões e movimentos da escultura. Quando eu comecei a fazer a miniatura eu pedi informações para o Padre Vinicius sobre as medidas do emblema dos Sagrados Corações que Padre Eustáquio usava na batina e outras informações. No dia 28 de julho comecei a fazer a cabeça da estátua e no dia 4 de setembro ela já estava aprovada. No dia 26 de setembro o modelo já estava pronto e posteriormente passou pelo processo de aprovação onde definimos a textura que ia ser usada e assim a obra ficou pronta pra fundição. Mas a pandemia atrapalhou muito o processo de fundição. Normalmente uma obra dessa a gente funde em 30 a 40 dias, mas a obra só ficou pronta muito depois, no fim de dezembro. Depois disso fizemos a parte de coloração do bronze e a obra foi envia sem seguida para Holanda.
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