Padre Eustáquio, em seus escritos e também na prática da sua vida, mostrou um ardente amor ao Santíssimo Sacramento do altar. Em vários escritos ele traz reflexões sobre o tema, como é o caso do texto de hoje.
O Beato traz o Santíssimo como fonte de amor para a humanidade, tendo feito tudo por nós, Ele emana o amor que sente por seus filhos. Leia o texto na íntegra:
“Deus é caridade e aquele que permanecer na caridade, permanece em Deus e Deus nele”
Hoje, queria falar-vos do infinito amor que emana do Santíssimo Sacramento do Altar, do amor que se esgota em sacrifícios, do amor infinito, que se esquece a si mesmo, que enfrenta sofrimentos, perseguição e ultrajes, que, em vez de pensar em si mesmo procura sempre a felicidade do outro.
“Que devo mais fazer, que ainda não fiz?”, diz Nosso Senhor. Que essa meditação inflame, cada vez mais, o nosso coração, tornando-o fonte de consolação para o Sagrado Coração de Jesus, que está pulsando no Santíssimo Sacramento do Altar.
Vós chamais grande o amor de mãe ao seu filho. Tendes razão, este amor é algo de grandioso. Vejo a mãe sentada ao leito de um filho doente. Os dias são longos, mais longas a noite para a mãe em vigília. Por mais cansada e esgotada que se sinta, não deixa o leito do filho, e a mão do doente não procura nunca, em vão, a mão maternal. Essa prova de amor maternal Jesus nos deu na véspera de sua morte.
Ainda que a mãe esquecesse seu filho, Eu nunca vos esquecerei, disse Jesus. Apesar das ofensas que previa, apesar da noite escura de sofrimentos que o esperava, instituiu o Santíssimo Sacramento do altar, pelo qual podia ficar, através dos séculos, no meio dos homens que o amariam e o desprezariam. “Ele nos amou sem fim”, diz São João. E São Paulo nos diz claramente, na sua carta aos Coríntios: “Porque eu recebi do Senhor o que também ensinei a vós, que o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão, e dando graças, o partiu, e disse: Tomai todos e comei; isto é o meu Corpo, que será entregue por vós: fazei isto em memória de mim.” Na noite em que foi entregue!…
Estas palavras tecem uma coroa de rosas der amor em redor da Sagrada Hóstia! Na mesma noite em que a morte o assalta, parte para nós o Pão da Vida! Na noite em que ninguém velar com Ele, elegeu o Sacrário para velar conosco. Na noite em que foi traído com um beijo, ele nos aperta ao seu coração. Na noite que foi algemado pelos soldados, entregou-se voluntariamente a prisão do Sacrário. Jesus pressentia a frieza com que seria tratado no futuro, como a sua Igreja estaria vazia muitas vezes, porque ninguém viria adorá-lo. Tudo isto não o fez desistir: “Quero ficar convosco até a consumação dos séculos.”
Meus irmãos e minhas irmãs, quando refleti sobre este grande amor de Jesus Cristo no seu sacrário, e de outra parte, a frieza nos corações dos homens para com Jesus, resolvi tornar-me mendigo de Jesus Sacramentado. Não peço a esmola de ouro nem de prata, de bens materiais, mas peço Amor, mais amor para Jesus Hóstia! Mendigo nas Igrejas, nos púlpitos, no confessionário, nas aulas de catecismo, nas escolas, na rua, nas casas de saúde, nos trens, peço aos sacerdotes e religiosas e todo o Povo de Deus! Direis, talvez, nós já amamos a Jesus, mas eu digo: deveis amá-lo mais, porque muitos não o amam. É preciso amá-lo como o Rei Venceslau, que deixava todas as noites o seu leito, por uma hora. Saudava o seu Rei escondido no sacrário, com o coração tão ardente, que a neve derretia nas suas vestes e seus servos encontravam as suas pegadas quentes.
É preciso amá-lo como São Carlos Borromeu, que transbordava em êxtase, quando contemplava a Sagrada Hóstia. É preciso amá-lo como São Francisco Regis, que, exausto depois de suas viagens no Sul da França, ajoelhava-se no chão, diante das portas fechadas de uma Igreja, em adoração do Santíssimo Sacramento, durante a noite inteira. Perguntei, uma vez, a uma mulher leprosa, que passava horas e horas ao pé do Santíssimo, que fazia ela durante todo esse tempo. “Ah, Sr. Padre, não sei ler. Rezo as orações que minha mãe me ensinou e, depois repito mil vezes ou mais: Jesus eu vos amo, mas aumentai o meu amor!” Esta também deve ser nossa prece. Ajoelhai ao pé do Sacrário, junto com Maria. Pedi-lhe rezar convosco, para adorar seu Divino Filho. Nosso dever adorar Jesus, é nosso dever de gratidão, pois, o que possuímos que não tenhamos recebido das mãos de Deus? Jesus, nosso Deus, está presente no Santíssimo Sacramento: “Vinde todos a mim, diz ele, que estais fatigados e sobrecarregados. Eu vos aliviarei.”
Quem ama a Jesus, não se contentará, com adoração, somente. Desejará, também, unir-se com ele na Santa Comunhão, em que não tomamos somente, Jesus em nossos braços, como o Velho Simeão, mas, o recebemos em nosso coração. Que Jesus não seja um estranho para nós! Que não se aplique a nós as palavras de Santo Agostinho: Tarde vos amei!”
(Boletim da Matriz dos Sagrados Corações – 22/09/44 e 29/09/46)
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