Padre Eustáquio viveu na integralidade seu amor à igreja e ao próximo. Em toda sua caminhada, ele se esforçou para seguir os mandamentos de Cristo e da Igreja através da congregação a qual pertencia, a Congregação dos Sagrados Corações.
O amor do Beato pela Igreja, em diversas vezes, foi colocado no papel em textos que falam sobre a importância do catolicismo na vida das pessoas. Como o texto que segue, publicado no Boletim de 1946/1947 da Paróquia dos Sagrados Corações, em Belo Horizonte. Leia o material na íntegra:
A Santa Madre Igreja
Buscai alcançar, em maio a vossas constantes lutas e fadigas deste vale de lágrimas, um instante diário de verdadeira pausa espírito, de verdadeiro recolhimento cristão, para avaliar e pesar dentre todas as instituições terrenas, que compõem a civilização cristã, e, sem esforço, vereis agiganta-se e impor-se uma, cujo legítimo e constante labor, a despeito de todas as negações e vãos combates que lhe movem, jamais perdeu a sua exata característica, jamais se desviou da sua rota legítima, jamais deixou de velejar para o verdadeiro porto de salvação: é a Santa Madre Igreja, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, sobre Pedro, pedra angular, católica e apostólica, enquanto romana.
E que tem ela feito através das épocas e as gerações? Duas coisas têm ela feito, indesviavelmente, firmemente, enquanto contemporâneas suas, instituições meramente humanas, variaram fragilmente em suas finalidades, em seus objetivos. Sim, duas coisas essenciais têm constituído a ação da Igreja, no tempo, no meio dos homens de todas as raças em todos os quadrantes da terra, sem jamais incorrer nas lamentáveis distinções de povos, sem jamais criar, entre eles, privilégios, sem jamais lhe ensinar diferentes ensinos: tem ela afirmado e mendigado! Afirmado o Cristo, para isso que existe, somente ela, unicamente por Ele próprio autorizada na pessoa de São Pedro, e dos Santos padres, seus continuadores e sucessores e mendigando amor, amor para o Divino Salvador dos homens.
Com efeito, por mais que impróprias e estéreis disputas e incompreensões, entretidas em torno dela, de forma vã se esforcem por lhe desfigurar e empanar o seu incomparável, e, por isso mesmo, singular e categórico papel, jamais quebrado, ou comprometido, porque se funda na força da sua instituição divina, ela impassível e impavidamente, qual barco de uma só rota e um só piloto, ainda que açoitada pelas tempestades e ameaçada por graves e frequentes perigos, conserva intata a carta de viagem, os Santos Evangelhos autênticos e obedece ao único e avisado navegador, desde São Pedro, o Santo Padre.
E a que ela afirma? O único de quem se pode afirmar d cujas ações no mundo também foram afirmação por excelência: Jesus Cristo, que para nós nasceu, Jesus Cristo, que para nós viveu, Jesus Cristo, que para nós morreu! Jesus nosso mestre único, nosso criador, nosso Salvador, nosso Protetor, nosso Benfeitor, que todos conheceis, mas sempre eis de conhecer melhor! E para Ele, que por todos esses títulos, tem direitos incontestáveis, indiscutíveis, exigentes por sua própria natureza e pelo seu Detentor, ela mendiga batendo a todas as portas e a todos os corações de boa vontade, amor, amor e amor!
Ah, meus irmãos, para cumprir seu mandato, legitimo e irrevogável, e ninguém mais o possui, como Ela, irrevogável e legítimo. Quantas vezes não são enlameadas e infamadas pela infâmia e lama do mundo, que dá, quando dá, o seu pobre ouro e a sua pobre prata, para vir acusá-la de cobiçosa, sem antes ver que essa é a voz da própria cobiça do doador, de cego até não ver que a Igreja tem, até certo ponto, as contingências das sociedades humanas, porque deve no meio desta cumprir a sua salvadora missão. Que de vez, por não contentar ambiciosos políticos com o prestígio e a autoridade do seu nome, por estes é acusada de reacionária, sem antes verem que essa voz e a do orgulho ferido e a da vaidade e ambição contrariadas, muito embora, por vezes, aceite ela a mão honesta e leal que lhe estendam, enquanto isso não atente contra os direitos do seu fundador e os dos remidos com o Seu Precioso Sangue! E um sem número de vezes ela é negada e combatida pela fé, pela ignorância, pelo comodismo, em tantas formas que revestem de embaraço e cerceamento ativo, ou passivo, para, em lugar dela, quererem implantar a quebrada e ridícula divisa romana do “pão e circo”, hoje posta de fundamento ao chamado estado comunista… Mas, basta!
Por que tudo isto? Isto é ódio das trevas arremetendo, em vão, contra a luz da religião da bondade e da paz, já que a Santa Igreja já não admite e reprova, efetiva e firmemente, quaisquer “filosofias” que intentem , quais postulados bárbaros e cruéis, fazer contra os ensinamentos de Cristo, a decaída e desacreditada apologia da força e da matéria.
Ah! Meus irmãos, enquanto Cristo proclama a igualdade dos homens perante Deus, pois que todos são iguais na dependência para com a salvação e para com a morte, são todos irmãos e têm todos os mesmo Pai, no Cristo e, por isso, devem amar-se e entreajudar-se leal e mutuamente, enquanto isso, que dizem e fazem os pregadores da sanguinária desordem comunista? Por má fé e também por ignorância, entende, pregam, todavia, não querem, nem praticam igualdade ao pé da letra, porque ela é impossível, primeiramente, em si mesma, mas, eles não a querem, nem praticam, é porque na verdade, o que querem é dominar e oprimir, custe como custar. Senão, vejam-se os exemplos lá onde essa traição e mentira lançou raízes, a preço de sangue do operário e do camponês.
Ora, fizemos bem o que importa a nós católicos, para defender e amar, de fato, a Santa Mãe, a Igreja e as instituições civis cristãs e, antes dos nossos direitos, gravemos os nossos deveres correlativos, tão respeitáveis uns como os outros, como facilmente se pode comprovar em qualquer atividade humana individual, eis o caminho para o qual acena a Igreja, amorosamente, apontando-o a todos seus filhos, indistintamente, pois que outro não há para a jornada humana nesta terra.
E assim que, longe de suprimir ou enfraquecer os direitos do Estado, a Santa Igreja os reconhece e garante com seus santos ensinamentos, e, quando necessário, também sabe opor-se, como ninguém, às máximas condenadas e protestar contra toda e qualquer revivescência do espírito funesto de Juliano Apostata, que desejara restaurar o falso culto da divindade do Império,
Em suma, a Igreja que reconhecemos, amamos e obedecemos, proclama e quer realizar na terra, sob a autoridade de um chefe, o Papa, Vigário legítimo, e mais ninguém de Jesus Cristo – o reino de Deus pela fé, pela caridade e pela justiça.
Meus irmãos! Defendei com vosso amor e a vossa solicitude para com suas santas determinações, o nome e a intocabilidade da Santa Madre Igreja, divina instituição de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois que não podemos filhos negar, nem diminuir a retribuição de sua fidelidade dedicada a tão santa e respeitável instituição.
Comments