Para contribuir com a devoção e memória de Padre Eustáquio também no país de origem dele, a Holanda, familiares e amigos do religioso encomendaram uma estátua de 2 metros de altura para fixar na praça central de Aarle Rixtel, distrito de Laarbeck, cidade natal de Eustáquio, localizada a cerca de 100 quilômetros da capital Amsterdã. O responsável por construir esta obra de arte é o escultor piracicabano Luiz Eduardo dos Santos, o Edu Santos, de 39 anos.
Portfólio e experiência o Edu possui, afinal, já foi responsável por produzir peças como a estátua de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, que fica exposta dentro da Gávea, sede do Flamengo no Rio de Janeiro, o relevo da cripta de Dom Paulo Evaristo Arns, na Catedral da Sé, na cidade de São Paulo, e em Piracicaba, foi o responsável pela réplica de Luiz Vicente de Queiroz, fundador da Escola Superior de Agricultura, atualmente administrada pela Universidade de São Paulo (USP).
Mas para quem pensa que esta estátua de Padre Eustáquio é a primeira, engana-se. Em 2009, o artista entregou uma estátua deste mesmo sacerdote para a Igreja dos Sagrados Corações, em Belo Horizonte-MG. “Era minha primeira obra de grande porte e desde então, eu costumo dizer que Padre Eustáquio vem me abençoando porque ela me abriu muitas portas”, contou Santos.
Os sobrinhos do vigário holandês, Ian e Will van den Boomen foram os responsáveis por dar este presente aos fieis brasileiros há mais de 12 anos e, agora, querem incentivar esta mesma devoção entre os holandeses. Will diz que já trabalha neste projeto há mais de um ano e para concretizar, formou um grupo denominado “Amigos de Eustáquio”, que são pessoas anônimas que contribuem financeiramente para somar fundos para o custeio da obra. O valor não foi revelado.
A intenção é que a estátua de bronze, que pesa 275 quilos e tem 1,98 metros de altura, 90 centímetros de largura e 70 cm de profundidade seja embarcada em um navio no porto de Santos, em direção à Holanda, onde ficará exposta ao público na praça da Igreja Bem-aventurado Padre Eustáquio. “A frequência à igreja na Holanda está diminuindo e para promover a atenção de Eustáquio e sua fama fizemos este projeto. A previsão inicial era inaugurar em 3 de novembro do ano passado, data de seu nascimento, mas a pandemia atrasou os planos. Agora, pensamos para o dia 23 de maio, mês de Maria, que era muito importante para Eustáquio”, explica Will. A expectativa é que a viagem de navio leve 32 dias.
A produção
O processo de produção contou com a participação dos familiares e também dos padres da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, que são responsáveis pelo processo de canonização do Beato Eustáquio van Lieshout, entre eles, o vice-postulador, padre Vinícius Maciel. A produção ocorreu na empresa Fundiart, onde Edu trabalha. Ele foi selecionado dentre outros artistas pelo próprio município holandês em 10 de julho de 2019 e, a partir de então, o escultor iniciou os trabalhos.
Primeiro, a comissão analisou fotos antigas de Padre Eustáquio que poderiam servir de base para a peça inicial de argila. A imagem escolhida retrata o sacerdote, de pé, segurando uma Bíblia na mão esquerda e simulando um leve caminhar. Em julho daquele ano, Edu preparou uma mostra em miniatura de 20 centímetros, a fim de avaliar o modelo e fazer pequenas alterações e retoques.
Os sobrinhos e também padre Vinícius acompanharam a apresentação da miniatura e sugeriram pequenas mudanças. “É importante esse contato. Eu sempre costumo pedir alguns conselhos para ele (Padre Vinícius), mostrar algumas imagens, tudo o que se trata de Padre Eustáquio ele é a melhor pessoa”, completa.
Pandemia
A próxima etapa foi reproduzir a cabeça do sacerdote em tamanho natural, de forma mais fidedigna possível. Para isso, usou uma argila mais oleosa, que permite trabalhar melhor a riqueza de detalhes. Esta parte da escultura foi aprovada em setembro.
Até março de 2020, a produção seguia o cronograma, mas com a chegada da pandemia da Covid-19, os trabalhos ficaram prejudicados. “Tive um caso suspeito também, por sorte não peguei. Com a pandemia, a empresa ficou parada por algum tempo. No setor que eu trabalho, alguns funcionários se contaminaram, então a gente tentou ficar um pouco afastado. Normalmente, uma obra dessas a gente leva 60 dias para criação do modelo e de fundição, aproximadamente uns 40 dias, mas demorou muito mais porque a gente foi fazendo em etapas e, eu já tinha alguns projetos paralelos e eu fui me dedicando a eles”, disse o artista. Agora, concluída a fundição, o material já está em processo de exportação.
Clique nas fotos abaixo para ver os detalhes da obra:
Escrito por Delcimar Ferreira para o jornal: “A Tribuna Piracicabana”
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